Depois de ter lido, há anos, o livro "A Dança Dos Encéfalos Acesos", de Maíra Spanguero, ter tentado e nunca conseguido assistir algum trabalho do grupo [por n motivos], finalmente pude conferir "Pequenas Frestas de Ficção Sobre Realidade Inexistente", do Cena 11. O domínio dos intérpretes sobre o corpo salta aos olhos, assim como as infinitas possibilidades de relação entre dois corpos, os aparatos tecnológicos dialogando com o corpo-máquina ( ou seria máquina-humanizada?) o corpo e o espaço, o corpo e o objeto, enfim... as reflexões acerca do hidridismo do corpo. Mas o que mais me intrigou foi como o desequilibrio estava sempre presente nesse vai-vém da ficção sobre a realidade, e a utilização do vídeo no espetáculo, criando concomitantemente - à partir dos interpretes e do público - um outro espetáculo: o de video-dança. Incrível.
"...uma fábula feita da colagem de ações, objetos, corpos, imagens e movimentos que se fortalecem das características que as definem para ganharem novos significados ao se inter-relacionarem. Um músculo cansado, respirações ofegantes, peso do corpo, força bruta, vestígios de dança, um espantalho, um brinquedo, um soldado de chumbo, cavalos, expectativas, caixinhas de música, memória, tempo dilatado, saudades, o velho, vingança, liberdade e realidade. Um conto. O corpo procura parceiros para sua dança. A dança procura meios para perceber-se real. Ficção e realidade intercalam seus lugares e assim contam histórias. Peso e desequilíbrio como recurso de anti-vaidade, a autoria da ação divide assinaturas entre gravidade, ossos, músculos, cérebros e espectadores. Dança como vestígio. Dança para não ter poder. Tempo para entendermos o tempo. "
Olá meu querido...estou feliz de poder lê-lo. Teus textos estão bonitos! E adorei revê-lo também...te senti vivo, pulsante, feliz.
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