sexta-feira, 24 de abril de 2009

Justine nasceu!


Tenho tido pouco tempo pra escrever aqui. Aliás, nem sei se alguém lê isso aqui. Enfim... Após um longo período de gestação (improvisações, especulações, dúvidas, leituras, discussões, horas de ensaio, experimentações, sonhos, pesadêlos, noites em claro...) isso dentro do pouco período que acompanhei-contribui com a evolução do feto-sadiano (ínfimos dois, perto de árduos nove meses de trabalho), Justine nasceu, às 21hs, desta terça-feira, deste 21 de Abril, no Espaço dos Satyros 2. Confesso que pequei por não ter registrado aqui as impressões que tinha, algumas anotadas. Uma pena.

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Entre outros convidados, estava Beth Néspoli, que teceu algumas impressões:

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Não disponível na versão online:

Preste atenção:

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...na brincadeira de mãos entre as irmãs Justine e Juliette (Andressa Cabral e Erika Forlim). É muito pertinente a apropriação de um jogo infantil para dar leveza à narrativa da gênese das personagens.

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...no olho no criado (Robson Catalunha) que "testa" a virgindade de Juliette quando ela pede abrigo num bordel. Concebido e interpretado de forma não realista, entre o grotesco e o cômico, é figura de aparição relâmpago, mas inesquecível.

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...na "fila" que se forma no cabaré, com a entrada em atividade da "virgem" Juliette. No bordel, seu olhar será atraído pelas cenas que ocorrem numa cabine vermelha, mas não deixe de observar essa "fila". É um dos bons momentos, entre outros, como nas cenas de julgamento, em que o "coro" torna-se extremamente expressivo graças à criatividade com que se estrutura sua atuação.

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...no nome do patrão sovina de Justine, clara citação de Sade ao protagonista Harpagon da peça O Avarento, de Molière. Referência que não passou despercebida ao diretor e aos atores. Em todas as cenas do casal de sovinas (Ruy Andrade e Gisa Gutevil), a linguagem, dos figurinos às interpretações, remete à estética à Commedia Dell"Arte, fonte de inspiração de Molière....
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...no recurso simples, uma touca de pano, cuja utilização resulta num interessante efeito para expressar a forma como Justine, já apelidada Sophie, é obrigada a de desdobrar para dar conta do trabalho excessivo na casa do patrão sovina....
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...no uso de um recurso de humor ingênuo para alcançar um resultado cortantemente irônico. Tal comicidade se dá na relação entre Justine/Sophie e seu "salvador", o Sr. Bressac (Henrique Mello), quando ele lhe leva de volta ao bosque onde a encontrara.

Um comentário:

  1. Eu leio, vou adicionar seu link no meu Blog, ok? Adorei as sensorialidades! beijos.

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